Literatura na Feira? Sim! 

O projeto "Literatura na Feira" é uma das ações de extensão da UFG em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com a Coordenação do curso de Licenciatura em Educação no Campo. A iniciativa começou por meio de encontros informais e se tornou em lei municipal, reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município de Goiás, o que garante sua continuidade mesmo com mudanças de gestão. A iniciativa também esteve presente no 26º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) em 2025.

Equipe do projeto e gestão PROEC (professoras Adriana Régia e Luana Ribeiro)

Leitura para o campo

Dorcelina Aparecida, professora da rede municipal e doutoranda em Educação na UFG, explica que o projeto nasceu há três anos e se efetivou com o tempo. "O objetivo é levar a literatura para a feira da agricultura familiar, para os agricultores e consumidores". A educadora ainda ressalta a importância de alcançar o público que vem do campo e as famílias em vulnerabilidade beneficiárias do programa "Vale Feira". 

Esse programa é uma proposta do governo local e busca promover a aquisição de gêneros alimentícios produzidos por agricultores familiares estabelecidos no território da Cidade de Goiás. Os beneficiados fazem parte das famílias inseridas na faixa socioeconômica de baixa renda e inscritas nos programas sociais do Estado.

Alessandra Gomes, professora da licenciatura em Educação do Campo na UFG, no Câmpus Goiás, detalha que o projeto surgiu de uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a partir de uma proposta anterior chamada "Sementes Literárias no Campo". 

"Como a gente trabalha com a questão campesina, dos camponeses e com a própria educação popular também, nós achamos muito interessante o projeto e a partir dali estabelecemos uma parceria para estar conversando sobre a literatura e levando a literatura para os outros espaços também", explica.

Protagonismo Feminino

As temáticas dos encontros são definidas semestralmente e, às vezes, mensalmente, em parceria com as secretarias de agricultura e educação, evitando datas comerciais e focando em temas específicos.

A curadoria dos livros e poemas busca representar o público da feira. Entre a variedade dos autores trabalhados, estão Cora Coralina, Bernardo Élis e Adélia Prado. Além disso, o projeto também incentiva a escrita autoral, com pessoas da própria feira escrevendo e lendo seus poemas.

Segundo as idealizadoras, a iniciativa busca dar visibilidade ao papel da mulher camponesa, que está presente em muitas poesias já lidas durante a execução do projeto. "Muitas vezes as mulheres vão, expõem os seus produtos, vendem, mas quem leva a fama é sempre o homem", observa Alessandra. Por isso, as ações dos envolvidos no projeto se propõem a trabalhar a agricultura pelo olhar da mulher do campo.

Alimentando Mentes

Diane Valdez, professora aposentada da Faculdade de Educação da UFG e pesquisadora, reforça que a literatura é um direito humano e deve estar em todo lugar, não apenas nos espaços tradicionais como escolas e bibliotecas. 

Ela ainda ressalta que o projeto insere a UFG em seu papel extensionista. “A universidade é sustentada pelo dinheiro público e pelo dinheiro das pessoas que estão aqui”, disse ao se referir aos visitantes da feira. “E, muitas vezes, essas pessoas estão muito longe da universidade”, salientou.

A relação entre literatura e alimentação saudável é um pilar do projeto. Logo no começo do evento, poemas são deixados nas barracas para que os consumidores e feirantes possam ter contato com a literatura enquanto compram seus produtos. "A ideia é assim, enquanto as pessoas estão na feira, elas também estão sendo alimentadas por uma palavra, por um poema", explica Alessandra. 

DOAÇÕES E CONTATO

Para quem quiser contribuir, é possível doar livros literários e enviar poesias. Os interessados podem entrar em contato através do Instagram do projeto, @literaturanafeira.